4 de novembro de 2017

Saúde de Ribeirão Pires recebe oito profissionais do Mais Médicos

O médico jordanense Manoel Araújo (á direita) compõe o grupo de profissionais.
Nesta segunda-feira, dia 30, equipes da Secretaria de Saúde e Higiene da Prefeitura de Ribeirão Pires participaram de reunião que marcou a apresentação de oito novos médicos que chegam à rede municipal pelo programa federal Mais Médicos. Os profissionais, todos brasileiros, são generalistas e irão integrar equipes da Atenção Básica. Desde a última segunda-feira, dia 23, as Unidades Básicas de Saúde da Quarta Divisão, Guanabara, Ouro Fino, Jardim Caçula, Jardim Luso e Santa Luzia contam com o reforço médico.
Os profissionais substituem outros oito médicos do programa que tiveram período de contrato encerrado. No total, a rede municipal de saúde de Ribeirão Pires possui 15 profissionais do programa Mais Médicos. Oito UBSs da cidade contam com médicos do programa – apenas as UBSs do Centro e do Centro Alto não contam com esses profissionais.
 “Este é um importante reforço para o atendimento à população que contribui em nossas ações de reestruturação da Atenção Básica, na constituição de uma rede integrada de atendimento, na ampliação da cobertura do Programa de Saúde da Família, no fortalecimento de vínculos entre pacientes e Unidade Básica de Saúde, além de reforçar a estratégia de saúde preventiva que estamos desenvolvendo desde o início deste ano”, avaliou a secretária de Saúde e Higiene de Ribeirão Pires, Patrícia Freitas.
O vice-prefeito da cidade, Gabriel Roncon, participou da reunião e deu as boas-vindas aos novos profissionais. “A saúde de Ribeirão Pires esteve em péssimo estado nos últimos anos. Um dos exemplos disso é que gestantes podiam ter seus bebês na maternidade municipal apenas às quartas-feiras. Nós priorizamos a saúde, que é a principal demanda da população, e acredito que cada um de vocês, junto a equipe de enfermeiros, técnicos, além do corpo administrativo, farão grande diferença para acolher os pacientes, conhecer suas necessidades e oferecer atendimento de qualidade”, declarou.
Entre os novos médicos está Istenes Silva da Fonseca, natural do Acre e formado em medicina na Bolívia. O profissional conheceu Ribeirão Pires durante cursos de medicina que fez em São Paulo e, por gostar da cidade, fez a opção para atuar na Estância. “Tenho boas expectativas em relação ao trabalho em Ribeirão Pires, de desenvolver trabalho produtivo com os pacientes. Vejo que a região em que irei atuar tem moradores em situação de vulnerabilidade social. Por essa razão, considero importante o acompanhamento próximo, em visitas domiciliares, e também o desempenho de atividades voltadas à prevenção de doenças”, explicou o médico, que irá atuar na UBS do Jardim Guanabara.
Fonte: Abcdoabc

No interior do AC, time viaja quase 15h dentro da floresta para jogar futebol


Longe dos grandes centros de futebol, a batalha do Esporte Clube Restauração ocorre bem antes da partida começar. Em uma comunidade às margens do Rio Tejo, em Marechal Thaumaturgo, no interior do Acre, anualmente, no mês de outubro, o time enfrenta quase 15 horas de viagem para participar de um torneio em Jordão, cidade vizinha, a 462 km da capital, Rio Branco. No percurso, seis horas em canoas motorizadas e depois uma caminhada noturna de oito horas dentro da floresta.
Sem estradas, o acesso é difícil. Com terçados, os participantes abrem a estreita trilha. Os obstáculos aparecem ao longo do antigo caminho. Solo instável, animais peçonhentos, insetos, onças e outros animais silvestres, além de uma vasta e alta vegetação amazônica atravessam o mesmo varadouro, criado por seringueiros para a extração do látex no período áureo da borracha. Mas ao chegar no destino final, o cansaço logo é deixado de lado, e tudo vira uma grande festa entre as duas comunidades.
De uniforme vermelho, jogadores da Vila Restauração marcam presença no Novenário de São Francisco de Assis e tornam-se heróis do futebol, em uma das regiões mais remotas do Acre (Foto: Juan Diaz/arquivo pessoal
De uniforme vermelho, 45 jogadores da Vila Restauração marcam presença no Novenário de São Francisco de Assis e tornam-se heróis do futebol no no estádio Joca Melo, em uma das regiões mais remotas do Acre. A equipe se divide em dois times, um juvenil e um master e conta com atletas indígenas, da etnia Kuntanauwa. Antônio Gomes Júnior, 33 anos, técnico há oito, explica que a tradicional disputa ocorre há de mais de 30 anos e é passada de geração para geração. Em agosto de 2018, o selecionado do Jordão faz o percurso contrário. Na festa de comemoração a São Raimundo, padroeiro da Vila Restauração, a equipe retribui a visita e realiza o ‘duelo da volta’.
- O futebol foi a forma que nossos pais e tios encontraram de aproximar, de reencontrar as pessoas que gostamos. É uma tradição de muitos anos, que lutamos para manter. Temos muitos amigos lá e eles também têm amigos de verdade aqui. Estamos sempre de braços abertos para recebê-los. E para jogar também. Respiramos esporte! Algumas pessoas dão a vida por ele, e nós também, como aconteceu com nosso amigo - conta.
Entusiasmada, a torcida acompanha a partida no estádio de Jordão (Foto: Juan Diaz/arquivo pessoal)
Nesta edição do tradicional torneio, o Restauração venceu pela primeira vez, mas nem só de alegria foi a participação dos atletas. Um dos jogadores faleceu após a ‘expedição’, em um hospital do Jordão. Segundo o treinador Junior, a causa da morte ainda não foi esclarecida, mas ele passou mal ainda no percurso. O título foi dedicado ao amigo que partiu e apesar da dor da perda, da ausência de troféus ou medalhas, o time cumpriu mais uma vez sua missão e já aguarda ansioso pelo próximo encontro, que tem data marcada. Em agosto de 2018, o selecionado do Jordão faz o percurso contrário. Na festa de comemoração a São Raimundo Nonato, padroeiro da Vila Restauração, a equipe retribui a visita e realiza o ‘duelo da volta’.
- Sempre é assim, nós vamos até lá no novenário de São Francisco, em outubro, e em agosto eles vêm jogar aqui, na festa de São Raimundo. Este ano ganhamos, agora vamos ver na volta (risos). É um grande prazer, uma felicidade imensa. Passamos o ano aguardando esse reencontro - comemora.
Mesmo com o cansaço, o jogo é pra valer e as duas equipes se empenham em busca da vitória (Foto: Juan Diaz/arquivo pessoal)
Movidos pelo futebol, pela fé e pela integração, torcedores e times atravessam o longo varadouro que os separam, para jogar bola e prestigiar os novenários. As 28h, de ida e volta na dura viagem ficam para trás e apenas os gritos de gol da torcida entusiasmada ficam na lembrança do time, de acordo com Junior. O esporte diminui a distância geográfica.
- É uma forma de nos aproximar, independente da distância. Não há etnias, cor, sobrenome, nem religião. Nessa hora somos todos companheiros e vamos manter essa tradição, essa experiência. Todo esforço vale a pena. É uma lição de vida – conclui o técnico.

Nathacha Albuquerque, Rio Branco, AC – Globo Esporte